quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Parabéns à corregedora Eliana Calmon pela sua coragem e clareza! Todos os brasileiros precisam apoiar essa mulher corajosa que enfrenta agora em razão de sua brabura e lisura a ira de juízes e desembargadores que se consideram "intocáveis". O judiciário não pode utilizar a Constituição Federal para encobrir e/ou esconder informações que todo funcionário público é obrigado a prestar. "Todos são iguais perante a lei" menos o judiciário? Como é possível um profissional ganhar mensalmente determinada quantia e seu patrimônio estar em muito divergindo do que poderia possuir? Se o Judiciário não der o exemplo em primeiro lugar estaremos vivendo a ditadura do judiciário e então que Deus nos proteja!
Por Monica Gomes Texeira Campello de Souza

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Ancestrais

Observo com melancolia as lápides amareladas do cemitério onde repousam os corpos de meus ancestrais... Foram eles bons ous maus (ou bons e maus), certamente estarão velando pelos seus descendentes (quem sabe). Os seus corpos jazem imóveis, corroídos. Os seus ossos um dia se dissolverão e nada restará deles exceto nossas lembranças. Essas não se apagarão e, mais que isso, propagar-se-ão para os nossos filhos e netos e bisnetos, porém, um dia, seus rostos e nomes serão completamente esquecidos. Eles serão apenas nossos ancestrais, não importa o que ou quem tenham sido. Se foram bons, serão citadas suas bondades, se foram maus, serão citadas suas maldades, mas sempre como um exemplo para o aprendizado de seus descendentes. Se para nada servir esta vida, se nosso ideal de Deus não passar de um mero engano, ainda assim valerá a pena saber que, apesar do que quer que tenhamos sido, haverá sempre alguém que, mesmo que nunca nos tenha visto ou conhecido, carregará nossa bagagem consigo por pura força da ancestralidade.

Monica Gomes Teixeira Campello de Souza

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Escolhas
As lágrimas sinceras da saudade e da dor,
as escolhas acomodadas no sofá e na casa vazia,
a companhia da solidão nos dias de incerteza,
os resultados das escolhas que fizemos um dia.

Que somos nós senão um amontoado de incertezas?
Se assim somos que sentido há no medo do porvir,
o que o acaso pode nos trazer senão ensinamentos?
Ensinamentos que nos recusamos a ouvir.

O que há no encontro com o passado
é a lição do que poderia ter sido,
quando nos vemos, porém infelizes,
fugimos do que pode ainda ser vivido.

Quem dera a vida tivesse permitido outro caminho.
Quem dera pudesse refazer os passos em outra direção.
Quem dera pudesse compreender que agora.
nada mais resta senão  nossa opção.

Por Monica Gomes Teixeira Campello de Souza
Todos os direitos reservados

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Stella Mundi

 

            Uma pequena estrela entediada com as maravilhas do firmamento decidiu descer a Terra. Ela veio como uma bela criança do sexo feminino e denominaram-na Stella. Nos seus primeiros dias de vida já sabia exatamente que viera para observar, aprender, e retornar ao firmamento, mas não conseguia, obviamente em virtude da idade, comunicar-se. Balbuciava sons ininteligíveis e, desse modo, repetia para si mesma os seus objetivos.
            Stella aprendeu a andar e falar. Seus pais empenharam-se ao máximo para ensinar-lhe e proteger-lhe, contudo, eram muito pobres e, no processo de aprendizagem e sobrevivência, ela se esqueceu de repetir para si mesma o motivo pelo qual viera e para onde voltaria. Cada vez mais os objetivos se perdiam e ela os apagou da mente
            É preciso dizer que, aos doze anos de idade, ela passou a prostituir-se. Sua mãe já não podia trabalhar e seus irmãos há muito haviam se perdido pela vida irremediavelmente.
            Aos quatorze anos, ela adoeceu. Os médicos após os exames  finalmente, declararam tratar-se de AIDS. Stella passou a sentir-se tão triste que as forças lhe faltaram até para alimentar-se. Sua mãe faleceu dias depois de saber sobre a doença da filha, deixando-lhe uma casinha de Taipa na favela da Roda de Fogo e muitas recordações.
            Numa de suas idas ao médico, ela ouviu um doente comentar que o que o estava ajudando a superar os obstáculos e as agruras da doença era a leitura. Stella, nesse momento, deu-se conta de que não sabia ler. Essa descoberta serviu para aumentar-lhe o pesar e, em meio a tão turbulenta existência, decidiu que aprenderia a ler nem que fosse essa a última coisa que faria na vida.
            E assim foi. Meses se passaram e Stella dedicara-se de corpo e alma ao aprendizado, contudo, a pobreza, mais que a própria doença, minara-lhe as forças. Já acamada, pálida, dolorida e só, começou a definhar.
            Uma vizinha que, por piedade, passava na casa todas as noites para vê-la foi quem, a seu pedido, saiu de casa em casa a procura de qualquer livro ou revista para realizar o estranho desejo de uma moribunda. Um garoto entregou-lhe uma folha de papel com um conto que trouxera da escola. A mulher correu e entregou-o a Stella.
            Conta-se nas redondezas da favela que uma jovem prostituta de 15 anos de idade falecera. Seu último desejo fora o de ler qualquer frase, palavra ou texto que lhe pudessem conseguir. Deram-lhe um conto cuja personagem central era uma estrela que, entediada, com as maravilhas do firmamento, decidiu vir à Terra, sendo denominada Stella. Curioso foi que a jovem moribunda, após a leitura, sorrira com uma alegria indescritível, e de seu cadáver um perfume de flores e um brilho imenso desprenderam-se indo em direção ao infinito, e do seu corpo até hoje não existem vestígios.
Monica Gomes Teixeira Campello de Souza
Todos os direitos Reservados 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Artista


O artista é feito de matéria rara;
é a corrente que liga vários mundos;
que torna eternos todos os segundos;
quando os sentimentos desmascara.

O artista é força e sensibilidade.
É contagiante amor e alegria.
É noite escura e clara luz do dia.
É pura dor e é também saudade.

O artista tem alma incoerente,
tem consciência do mundo caótico.
Vê a vida sob um prisma anedótico,
e tudo que vê intensamente sente.

Dentre os artistas o poeta é fardo e sorte.
É alegria de viver é correnteza.
É um tradutor de sentidos e beleza,
mesmo quando busca a própria morte.

Monica Gomes Teixeira Campello de Souza 
Todos os Direitos Reservados

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Rose Noir

Clique na imagem para visualizá-la no tamanho original.
ATENÇÃO: Essa imagem é o resultado de fotomanipulação por mgtcs (Monica Gomes Teixeira Campello de Souza)  utilizando a fotografia da modelo Raissa Rocha, a postagem está sendo feita com a autorização da mesma. Não autorizamos ninguém a copiar esta imagem e utiliza-la de nenhuma forma, caso deseje copiá-la para qualquer fim será necessária a autorização expressa da modelo então me notifique. Todos os direitos autorais são reservados.

Passatempo

Tentar sobreviver ao braço impune,
Tentar sobreviver as controvérsias,
Do tempo que nos leva e nos sucumbe,
Do ciclo vicioso que nos cerca,

Aprender simplesmente com o tempo,
Quer estejamos aptos ou não,
A extrarir das tristezas, alegrias,
A colher do solo cada pão,

O tempo conduz impiedosamente,
As nossas vidas com tamanho ardor,
Que é preciso avaliar, antes que tarde,
Buscar proveito do que ja passou,

Assim vai passando as nossas vidas,
E os nossos versos vão também com elas,
Do nosso agrado ou não, se vai passando,
A vida, o verso, numa passarela.
Monica Gomes Teixeira Campello de Souza

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Todos os direitos reservados.

Solidão

Solidão que destroça o peito,
Que faz da alegria, da vida, grande tédio,
Que cresce, toma forma sem remédio,
Apenas pelo homem assim ter feito;

A solidão sempre bate na porta,
Por ser tão só e ter assim nascido,
E mesmo o coração ferido,
Rejeita a solidão, quer vê-la morta;

Se pudessemos unir a solidão, que é calma,
Com a paz alegre que sempre reanima,
Fazendo o tédio pelo mutante, ter estima,
Completando então as nossas almas...

Sentir-se só, sentir-se simplesmente assim,
Mas ser a mansa solidão, ser calma,
Sentir-se presente, sentir-se apenas alma,
E esperar unificar-se ao fim!

Monica Gomes Teixeira Campello de Souza

domingo, 29 de maio de 2011

Primavera Púrpura

Esta é minha primeira fotomanipulação. A imagem  é uma mistura de diversas fotografias trabalhadas no Photoshop. Por mgtcs
Clique em cima da imagem para visualizá-la no tamanho original.
Todos os direitos autorais da imagem  imagem são reservados, não venda ou use esse trabalho como se fosse seu. Em caso de desejar usá-la de alguma forma me notifique para que eu dê a devida autorização.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O Advinho


         Ainda criança, João, após uma discussão com um colega, disse, num momento de raiva, que, no dia seguinte, ele levaria uma surra do pai. O colega foi para casa aborrecido e, como ocorre com a maioria das crianças, acabaou por fazer uma travessura e seu pai, aborrecido, deu-lhe uma surra. O colega de João chegou na escola muito desconfiado e contou a outro menino que João havia adivinhado no dia anterior a surra que levou naquele dia. O menino, surpreso, procurou João e desafiou-o a dizer o que lhe aconteceria no dia seguinte e João, em tom de brincadeira, disse que sua avó sentiria muitas dores. Deduzira isso porque sabia que a avó do garoto era velhinha e sentia-se desconfortável, com dores ósseas. Sabia também, por experiência própria com a sua avó, que o tempo frio agravava este tipo de doença e, já que as núvens no céu anunciavam uma tempestade, era provável que o que previra ocorresse. Não foi diferente; no dia seguinte toda escola o havia batizado como o Adivinho.

         Anos se passaram. João continuou a fazer suas óbvias deduções e se tornou cada vez mais popular. Um certo dia, uma jovem recém-casada o procurou muito apreensiva e pediu que lhe dissesse se seu casamento seria feliz. Ele, percebendo que algo não ia bem, tendo em vista sua presença ali, e sua preocupação com um casamento tão recente, quando a maioria dos casais acreditam numa felicidade eterna mesmo que a união seja o desastre mais previsível, declarou solenemente que não daria certo seu casamento. A jóvem saiu chorosa e retornou uma semana depois para informá-lo da separação. Ela e João acabaram ficando amigos, apaixonaram-se e, finalmente, se casaram.

         O casamento foi feliz nos primeiros dois anos. A esposa respeitava João e temia suas previsões. Toda cidade vinha consultar-se com seu marido e isso era motivo de muito orgulho. Um certo dia, João adoeceu. Parecia um simples resfriado, porém, foi piorando e o levou a ficar acamado. A esposa desdobrava-se em cuidados e, muito apreensiva, pediu que previsse seu próprio estado de saúde. Mais uma vez, João deduziu que uma simples gripe que agravara-se tanto, que o levara a ficar acamado sentindo-se tão mal por tantos dias, provavelmente seria uma doença grave e que, portanto, ele não sobreviveria. Disse, então, à esposa, que ela ficaria viúva, que ele sofreria muito e, finalmente, partiria. Em poucos dias, a história do futuro falecimento do Adivinho se espalhou e todos apenas aguardavam a terrível desenlace.

      Uma certa manhã, João inexplicavelmente sentiu-se melhor. Foi gradativamente melhorando. A sua esposa, contudo, achando que ele já sofrera demais e ainda sofreria muito para morrer, movida por uma enorme piedade além da absoluta crença em sua previsões, deu-lhe uma dose fatal de veneno.

       O advinho faleceu numa bela manhã de sol e seu enterro foi o mais pomposo da cidade, era ele o santo homem que previra a própria morte.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Somos capazes de remover montanhas, basta acreditar! 

Rima


Há na rima graça e métrica
Compasso de Coerência
Criando certeza lúdica,
Num reino de inconsistência

No compasso da beleza,
Vê-se a rima conseqüente,
Ressaltando realeza
Em traços tão veementes.

Exaltando a liberdade,
A todas as gerações,
Traduz musicalidade
Num mundo de expiações

Há previsibilidade,
Em cada rima do verso
Gera probabilidade
No caótico universo.

Ancestrais


       Observo com melancolia as lápides amareladas do cemitério onde repousam os corpos de meus ancestrais... Foram eles bons ous maus (ou bons e maus), certamente estarão velando pelos seus descendentes (quem sabe). Os seus corpos jazem imóveis, corroídos. Os seus ossos um dia se dissolverão e nada restará deles exceto nossas lembranças. Essas não se apagarão e, mais que isso, propagar-se-ão para os nossos filhos e netos e bisnetos, porém, um dia, seus rostos e nomes serão completamente esquecidos. Eles serão apenas nossos ancestrais, não importa o que ou quem tenham sido. Se foram bons, serão citadas suas bondades, se foram maus, serão citadas suas maldades, mas sempre como um exemplo para o aprendizado de seus descendentes. Se para nada servir esta vida, se nosso ideal de Deus não passar de um mero engano, ainda assim valerá a pena saber que, apesar do que quer que tenhamos sido, haverá sempre alguém que, mesmo que nunca nos tenha visto ou conhecido, carregará nossa bagagem consigo por pura força da ancestralidade.

As Mentiras da Vida

Anda a verdade enredada;
nas mil teias da mentira;
na verdade há quase nada;
que se espere ou que se diga;

Não há nada que se espere;
da verdade ou da mentira;
É mentira que se negue;
Que há verdade que alguém diga.

Se é mentira e se acredita,
há verdade que alguém diga,
entretanto se há intriga,
não há verdade ou mentira.

Na verdade há verdade,
nas mil teias da mentira
haja tanta liberdade,
quantas contem nesta vida.

Monica Gomes Teixeira Campello de Souza